Foi com imensa satisfação que vi a minha comunicação, apresentada em colaboração com a minha colega Jenny Sousa, ser aceite neste espaço de partilha e troca académica. A nossa apresentação, intitulada “Inclusão e Participação: A Interseção entre Estudos Culturais e Acessibilidade Cultural”, propôs um olhar crítico sobre a relação entre a acessibilidade e os Estudos Culturais, sublinhando como esta área do saber oferece ferramentas indispensáveis para compreender e transformar as dinâmicas de inclusão na cultura e nas artes. Durante a nossa comunicação, destacámos que o conceito de acessibilidade cultural vai muito além da simples remoção de barreiras físicas, cognitivas ou sensoriais. A partir do artigo 27.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que assegura o direito de todos os indivíduos à participação na vida cultural da sua comunidade, defendemos uma visão ampla que integra os princípios de equidade e democracia cultural. Estas dimensões implicam a criação de ambientes culturais inclusivos que valorizem a diversidade, permitindo que todas as pessoas, independentemente das suas capacidades, possam usufruir e contribuir para a cultura.
Os Estudos Culturais desempenham aqui um papel fundamental, oferecendo uma análise crítica das estruturas que perpetuam desigualdades no acesso à cultura. Mais do que descrever ou catalogar práticas culturais, esta abordagem permite identificar e questionar as barreiras que limitam a participação cultural de determinados grupos. No nosso diálogo, sublinhámos que a inclusão cultural não é apenas um processo de integração, mas uma transformação ativa que desafia hierarquias, desconstrói preconceitos e amplia o horizonte de possibilidades culturais. Outro ponto central da nossa comunicação foi o papel transformador das artes na sociedade. Acreditamos que as artes possuem a capacidade única de capacitar os indivíduos para compreender e transformar a realidade que os rodeia, funcionando como catalisadoras de competências pessoais, sociais e culturais. Neste sentido, a acessibilidade cultural não é apenas uma questão de direitos, mas um instrumento para fortalecer a participação ativa na sociedade, promovendo uma verdadeira renovação dos contextos sociais e culturais.
A experiência de participar neste congresso foi enriquecedora, reafirmando o papel dos Estudos Culturais enquanto campo interdisciplinar capaz de articular saberes e práticas em prol de uma sociedade mais justa e inclusiva. Num mundo marcado por rápidas mudanças culturais, sociais e tecnológicas, refletir sobre a acessibilidade cultural é não apenas necessário, mas urgente. O IX Congresso Internacional em Estudos Culturais incluiu exposições, experiências performativas e momentos dedicados à troca de ideias e debates. Essas iniciativas permitiram a articulação entre diferentes perspectivas teóricas e práticas culturais, promovendo um espaço dinâmico de partilha e diálogo entre os participantes. Com tantas aprendizagens e trocas significativas, fica o desejo de voltar no próximo ano e continuar a contribuir para este encontro que valoriza e expande os horizontes da cultura e da academia.
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